Mello, que participou, no Rio de Janeiro, do Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, retornou a Salvador cheio de novidades, mas também preocupado com alguns números apresentados no evento.
O congresso debateu durante cinco dias o aumento de riscos e as complicações pós-cirúrgicas com a participação de especialistas de todo país.
A principal preocupação de Carlos Augusto Mello, que dirige a Central da Obesidade, na Clínica João Paulo II, no Rio Vermelho, foi a constatação de que um quarto dos pacientes que reduzem o estômago volta a ficar obeso. Segundo o cirurgião, “a dieta inadequada e falta de atividade física são as principais causas para o isto acontecer”.
“O natural é o paciente ganhar 10% do peso perdido após a redução do estômago, mas muitos esquecem as recomendações médicas, voltam a comer tudo e não praticam atividade física. Ficam magros com cabeça de gordinhos e acabam engordando de novo”, disse o especialista.
Carlos Augusto Mello explica que o paciente operado tem que seguir todas orientações médicas para evitar problemas porque além da volta do peso, ele vai apresentar os mesmos fatores de riscos de antes da cirurgia como: pressão alta e diabete, gordura no fígado, por exemplo.
“Quem faz a cirurgia tem que saber que terá um novo estilo de vida para evitar o reganho de peso. O paciente precisa seguir um programa multidisciplinar com orientação principalmente de um nutricionista e um psicólogo”.
O Brasil é o segundo colocado no ranking mundial das cirurgias bariátricas, com uma média de 80 mil cirurgias anuais, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que realizam 140 mil procedimentos.
O especialista destaca que a obesidade já é considerada como o mal do século e, segundo pesquisa no país, existem mais de 60 milhões de pessoas acima do peso e pelo menos 22 milhões considerados obesos. O levantamento também aponta que 52,5% dos homens brasileiros que estão acima do peso são obesos. Entre as mulheres, esse percentual é de 58,4%.
Carlos Augusto Mello explica que só uma mudança radical nos hábitos da população vai modificar este quadro. “Nos últimos anos houve aumento do consumo calórico e ricos em gorduras, sal e açúcar, mas pobres em vitaminas, minerais e outros micronutrientes e, ao mesmo tempo, ocorreu uma queda na atividade física e o sedentarismo acaba levando ao aumento de peso.
O médico Carlos Augusto Mello lembra ainda o problema da obesidade nas crianças. Enquanto os alimentos ricos em açúcar e gordura, mas pobres em nutrientes, que só eram oferecidos às crianças em ocasiões especiais, passaram a fazer parte da rotina alimentar de muitos meninos e meninas, andar a pé ou brincar na rua deixaram de ser hábitos tão frequentes, substituídos por televisão, videogame, computador e andar de carro.
O especialista fala também de fatores como ansiedade e estresse - para os quais a forma de escape muitas vezes é comer em excesso - tornaram-se mais frequentes entre crianças, mas principalmente entre os adultos.
Carlos Mello lembra que a obesidade é considerada uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura no organismo com desproporção na distribuição da gordura pelo corpo. O sobrepeso é estabelecido quando o índice de massa corporal (IMC) e a relação entre peso e altura, é de 25 até 29,9. A partir de 30 de IMC a pessoa é considerada obesa. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado.
Matéria publicada pelo site Tribuna Baiana
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