Retinopatia diabética pode cegar e é fruto de um controle ruim da glicose no sangue; doença é perfeitamente evitada com prevenção e acompanhamento médico
A publicitária Aline Peach descobriu ter diabetes tipo 1 aos três anos de idade, depois de ter uma infecção grave e perder quatro quilos. O pai, que é farmacêutico, desconfiou das olheiras da filha, a sede que sentia e a frequente necessidade de urinar, além da perda de peso repentina. Levou ao pediatra e o diagnóstico veio.
“Por um bom tempo acompanhei a visão com um especialista em retina, mas depois mudamos de cidade e passei a acompanhar o diabetes e os sintomas dele com outros médicos que, com certeza, não eram tão qualificados quanto o especialista que me acompanhava antes”, conta Aline.
Sete anos de controle mal feito, com exames de hemoglobina glicada – que mostra a média das taxas de glicemia dentro de três meses – fora do padrão, a miopia de Aline pulou de três graus pra seis graus. “O oftalmologista disse para meus pais me levarem no especialista em retina”, lembra a publicitária.
E no exame veio o choque. “Foi por pouco que não fiquei cega, porque meu caso era muito agudo, de retinopatia proliferativa. Estava na faculdade, com 18 anos, e o diagnóstico foi um baque para meus pais, que sempre tentaram cuidar tão bem de mim”, diz ela.
“Esse período de tempo que fiquei sem o controle adequado foi crucial para esse problema. Fazia exame de fundo de olho em consultório, mas nunca havia feito a angiofluoresceinografia, que foi o exame que fiz quando a miopia havia dobrado de valor”, conta Aline. O exame identificou vasos problemáticos e hemorragias dentro do olho da publicitária, que teve de tratar imediatamente com laser.
A correria do trabalho nos anos seguintes fez com que Aline não acompanhasse a doença com a regularidade que deveria ser. “Uma sequela do laser acabou desencadeando uma hemorragia de fundo de olho e tive de passar por três vitrectomia. Hoje estou bem controlada, com a visão estabilizada e passo no especialista em retina a cada três ou quatro meses”, conta ela, que perdeu 60% da visão direita, mas enxerga perfeitamente com o olho esquerdo.
“Talvez se eu tivesse passado com o mesmo médico a vida toda, não teria isso. Agora, a qualquer sinal de embaçamento ou ‘coisas’ andando na frente do olho, já falo com o médico pelo celular e no dia seguinte ele já está me esperando no consultório”, conta Aline.
60% dos diabéticos tipo 2 não sabem que a doença pode causar perda da visão
Uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo (SBRV) com 932 pacientes diabéticos tipo 2 no Brasil mostra que 60% deles não sabem que a doença pode causar perda de visão. Dados mostram que haverá um aumento de 51% da retinopatia diabética, que causa cegueira, até 2030. A faixa etária mais atingida é de 19 a 60 anos.
A cegueira pode acontecer tanto no diabético tipo 1 ou tipo 2, mas normalmente, pelo acompanhamento ser mais rígido, o diabético tipo 1 já sabe do problema desde cedo e luta para controlar melhor as taxas de glicemia no corpo. Já os diabéticos tipo 2 podem passam anos sem ser diagnosticados e, quando descobrem a doença, o olho já foi lesado e não é possível reverter a perda de visão.
A lesão ocular acontece por causa do acúmulo de açúcar nos vasos sanguíneos. Com a insuficiência ou intolerância à insulina, o organismo fica com mais glicose circulante, que danifica os vasos. Como os vasos sanguíneos dos olhos são muito delicados, o diabético vai perdendo visão aos poucos.
Prevenir, no entanto, é possível. A população em geral deve fazer exames que meçam a glicemia com periodicidade. Quem sabe que é diabético, tem de seguir à risca a recomendação dos médicos para controlar o açúcar do sangue, já que é ele que, em excesso, vai danificar os vasos de todo o corpo, inclusive dos olhos.
De acordo com a SBRV, 90% dos diabéticos tipo 1 e 60% dos diabéticos tipo 2 devem desenvolver retinopatia diabética ao longo dos anos.
Entenda a diferença entre diabetes tipo 1 e tipo 2
O diabetes tipo 1, mais conhecido por diabetes infanto-juvenil, é uma deficiência na produção de insulina. Ou seja, quem tem esse tipo de diabetes, precisa, sem exceção, de aplicações de insulina para controlar a glicose do sangue. Os sinais, em média, podem surgir na primeira infância até o início da vida adulta. Sinais como sede excessiva, vontade de urinar durante a noite, perda de peso sem explicação devem ser investigados.
Já o diabético tipo 2 pode ter resistência à insulina - que é responsável por retirar a glicose excessiva do sangue - ou fabricar pouca insulina. No caso do tipo 2, é possível controlar com remédios orais em vez de aplicação de insulina. Alguns casos, porém, são necessários fazer uso do hormônio. O endocrinologista é que vai decidir o melhor tratamento para cada caso. Esse tipo de diabetes é mais comum de surgir em pessoas acima de 40 anos, e uma das principais causas é a obesidade.
Retirado de http://saude.ig.com.br/minhasaude/2015-11-14/foi-por-muito-pouco-que-nao-fiquei-cega-conta-diabetica-saiba-se-prevenir.html
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