7. Limão
O que promete: Ingerir limão pela manhã aumenta a saciedade durante o dia e, por aumentar a acidez no estômago, acelera o metabolismo, levando à rápida digestão e à perda de peso.
O que realmente provoca no organismo: Pode aumentar a saciedade e aumenta a acidez no estômago, mas isso não quer dizer que reduz o peso.
Opinião do especialista: De acordo com a endocrinologista Gláucia Carneiro, além de não emagrecer, o limão em excesso ou consumido em jejum pode provocar complicações como úlcera e gastrite.
Restrição não é jejum – Não existem, hoje, mutos estudos sobre os efeitos específicos do jejum intermitente. “Ainda não há evidências cientificas sólidas o suficiente para dizer que essa intervenção é recomendada”, disse ao site de VEJA o cardiologista Bruno Caramelli, diretor da Unidade de Medicina Interdisciplinar do Incor e um dos autores de uma pesquisa que está sendo feita sobre a abordagem.
O que há é um grande número de pesquisas científicas indicando que comer pouco, mas dentro do limite do que é saudável, pode ser a chave para uma vida mais saudável e uma maior longevidade. E, para aquelas pessoas que têm dificuldade em seguir uma dieta regrada diariamente, escolher dois dias na semana para comer menos do que o normal pode ser uma alternativa. A principal preocupação em relação ao intermittent fasting é que ele induza um comportamento de risco. De fato, já há pessoas que fazem jejum total por vários dias seguidos – e sentem que o livro de Mosley lhes fornece a justicativa para isso.l .
Ao site de VEJA, Cintia Cercato, endocrinologista da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP) e do grupo de obesidade do Hospital das Clínicas da USP, disse o óbvio: se alimentar é importante. “Ficar muito tempo sem comer não traz nenhum benefício. É um absurdo que uma pessoa fique dias sem comer nada, pois a ausência completa de qualquer nutriente prejudica o organismo”, afirma a médica. “E mesmo que ela tome suplementos vitamínicos durante o jejum, eles não são capazes de repor macronutrientes, como os carboidratos e a glicose. Sem esses nutrientes, ficamos sem energia, fracos, e o nosso cérebro deixa de receber glicose, o que prejudica a memória. Além disso, ainda que esse indivíduo apenas beba água, ele continua correndo risco de desidratação.”
Ressalvas – Mesmo que pesquisas já tenham mostrado que a restrição calórica pode fazer bem à saúde e, obviamente, ajudar na perda de peso, é preciso cautela. “Consumir menos que 400 calorias por dia não é o suficiente para fornecer os nutrientes necessários para o corpo, que precisa de pelo menos 40 gramas de proteína, fora o carboidrato”, diz Cintia. “Os estudos que mostram o benefício de uma restrição calórica indicam que a restrição deve ser feita em dias alternados, e não por vários dias seguidos.”
Além disso, é preciso lembrar que nem todas as pessoas podem se submeter à restrição calórica alternada. Crianças, pessoas com problemas de saúde como diabetes, ou pacientes que tomam certos tipos de medicação devem se abster desse tipo de radicalismo.
Longo prazo? – Outro problema dessa dieta é que, como ocorre com toda alimentação restritiva, é difícil mantê-la por muito tempo. Assim, os adeptos podem emagrecer e apresentar algumas melhoras de saúde atreladas à perda de peso, mas são grandes as chances de logo voltar a engordar. “É difícil imaginar que alguém consiga manter a dieta a longo prazo”, diz Cintia Cercato.
Além disso, segundo a endocrinologista, embora existam vários estudos mostrando que essa restrição alternada de calorias pode fazer bem, nenhuma dessas pesquisas foi feita a longo prazo. “Pode ser que essa abordagem aumente o risco de deficiências nutricionais, já que, nos dias de restrição, é possível que uma pessoa não obtenha os nutrientes necessários.”
Como qualquer dieta da moda que impõe uma restrição alimentar, a intermittent fasting é sedutora e promete ótimos resultados a curto prazo, mas é muito difícil de ser mantida. Além disso, ela pode ser mal interpretada, levada ao extremo e prejudicar a saúde. “Dietas assim desestimulam as pessoas a buscar uma reeducação alimentar. No fundo, fazer jejum e depois bombardear o organismo de calorias não é bom. O ideal é aprender a se alimentar de forma saudável todos os dias e sempre”, diz Cintia Cercato.
Pesquisa brasileira
Embora muitos estudos já tenham indicado que comer pouco pode ser a chave para uma vida mais longa, ainda é rasa a literatura científica especifica sobre os efeitos à saúde provocados pelo jejum intermitente. Por isso, um grupo de pesquisadores Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, o Incor, está desenvolvendo um estudo feito com camundongos para avaliar quais são os reais impactos intermittent fasting (IF).
Há poucas semanas, eles deram início à pesquisa, feita com camundongos geneticamente modificados para apresentar aterosclerose, uma doença inflamatória crônica caracterizada pelo entupimento dos vasos sanguíneos. Os animais foram submetidos a um entre quatro tipos de alimentação: uma dieta rica em colesterol; uma dieta padrão indicada para reduzir a aterosclerose e controlar a pressão arterial; uma dieta comum, com ração normal; e uma dieta de jejum intermitente (animais recebiam comida a cada 18 horas e, nos intervalos, uma mistura de água e minerais). Os camundongos seguiram a dieta durante seis semanas, tempo suficiente para que eles desenvolvessem a aterosclerose, e agora seus quadros de saúde estão sendo estudados pelos pesquisadores.
Em entrevista ao site de VEJA, o cardiologista Bruno Caramelli, diretor da Unidade de Medicina Interdisciplinar do Incor e um dos responsáveis por esse estudo, afirmou que, embora a pesquisa ainda não tenha sido concluída, já é possível tirar algumas conclusões preliminares. “Uma delas é que uma dieta rica em colesterol, como já era esperado, fez com que os camundongos desenvolvessem uma aterosclerose brutal. Isso não aconteceu com a dieta padrão para reduzir o problema e nem com a alimentação com ração comum. Agora queremos saber como o jejum intermitente afeta, por exemplo, pressão arterial e níveis de colesterol”, disse o médico.
“Esse estudo será importante para que encontremos alternativas para termos uma saúde melhor. Todo mundo sabe que adotar um estilo saudável e se alimentar corretamente é fundamental, mas para muitas pessoas esses hábitos são difíceis de serem sustentados. Não quero dizer que o jejum intermitente vai ou não representar essa alternativa, mas sim que estamos pesquisando de forma profunda e moderna sobre o assunto”, afirmou Caramelli.
De acordo com o médico, enquanto as evidências científicas sobre os potenciais benefícios do jejum intermitente não forem suficientemente fortes, será difícil realizar pesquisas sobre o assunto em seres humanos. “Por enquanto, ainda não há evidências cientificas sólidas o suficiente para dizer que essa intervenção é recomendada”, disse.
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