A outra, a Dor Muscular Tardia, vem nas 24 a 56 horas depois da atividade e apesar de discutida a verdadeira causa, depende quase que diretamente da intensidade, duração de esforço e do tipo de exercício realizado. Sendo assim, a principal causa pode estar relacionada a microtraumatismos e inflamação aguda das fibras musculares, estiramento excessivo do tecido conjuntivo do músculo, alteração no mecanismo celular de entrada e saída de cálcio ou vários fatores conjugados.
Os iniciantes, assim como os idosos, estão mais sujeitos à dor mas qualquer pessoa resolvendo fazer uma atividade para a qual não esteja acostumada poderá ser surpreendida com as dores musculares que também não deixam de ser uma adaptação normal do organismo.
Esse é o grande segredo e a maior dificuldade do treinamento de força. Progredir conjugando estímulo x recuperação x novo estímulo respeitando as limitações da dor. Encontrar a carga certa para cada momento sem deixar agudizar as dores trazendo como conseqüência a lesão. Descansar demais pode-se não evoluir ou perder o ponto certo da supercompensação para melhor aproveitamento do objetivo proposto. Treinar sempre com a mesma carga, mesmos métodos, e mesmo tempo de recuperação pode ocorrer um efeito conhecido por destreinamento onde o nível de força permaneça inalterado mas o volume muscular diminui Zatsiorsky, (1999).
Acrescentar carga sem critério científico o resultado quase sempre é ruim.
É sempre bom lembrar que dor é quase sempre um sinal de alarme e não deve ser de todo desprezada. Entretanto, se for suportável a rotina de exercício da planilha de treinamento deve continuar ou mesmo diminuir a intensidade. Se for uma dor aguda a atenção deve ser redobrada podendo ser o caso de suspensão da atividade. Nessa hora, bom senso.
Ao contrário do que se divulga em textos leigos, a Dor Muscular Tardia não está relacionada à concentração de lactato sangüíneo e sim com o tipo de contração muscular. MacArdle (1998) cita que as contrações excêntricas, como por exemplo correr na descida, não aumentam tanto a concentração de lactato mas geram dores musculares.
Como já vimos em edições passadas, está bem estabelecido pela ciência que a contração excêntrica gera uma quantidade de força aproximadamente duas vezes mais que as isométricas recrutando menor número de unidades motoras implicando em maior estresse mecânico. A dor Muscular Tardia pode ou não estar associada à inflamação das fibras musculares que podem advir das contrações excêntricas. O que não está bem estabelecido é a questão da inflamação estar especificamente associada ao tipo de contração.
Pelo sim pelo não, o fato é que a Dor Muscular Tardia é um fato conhecido. Da mesma forma, a causa não se refere a apenas "uma" circunstância. Aí está mais uma boa razão para esquecermos certas afirmações vistas em salas de musculação e até em cursos.
Discussões a parte, pelo menos a maioria dos pesquisadores aceita uma seqüência de fatos a saber:
As ações de estiramento alteram a permeabilidade da membrana celular rompendo as proteínas estruturais dentro das fibras, do tecido conjuntivo e do sarcolema trazendo como conseqüência o desequilíbrio da função dos íons de cálcio.
Abrem-se assim, portas para a presença de microrganismos causadores da inflamação. O organismo tentando se proteger libera substâncias vasodilatadoras estimulando as terminações nervosas geradoras da dor.
A proteção de danos maiores e futuras ações similares é feita com a presença de proteínas de estresse que também são estimuladas iniciando a regeneração tecidual. Aí mora o segredo!
Esse mecanismo protetor é transitório e seu efeito termina se o treinamento não tiver uma seqüência.
Retirado de http://www.copacabanarunners.net/dor-muscular-tardia.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário