terça-feira, 18 de novembro de 2014

Dietas da moda só emagrecem a curto prazo, diz estudo

MATÉRIA PUBLICADA PELO SITE VEJA

Ao comparar as dietas Atkins, South Beach, Vigilantes do Peso e Zone, pesquisadores concluíram que nenhuma delas é mais eficaz do que a outra para perder peso a longo prazo e proteger contra doenças cardiovasculares. 

Regimes da moda ajudam a emagrecer em um primeiro momento, mas não são eficazes para manter o peso depois de um ano. Além disso, o impacto das dietas sobre fatores de risco para doenças cardiovasculares é incerto. Essas são as constatações de um estudo publicado nesta terça-feira no periódico Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, da Associação Americana do Coração.





Cientistas da Universidade McGill, no Canadá, revisaram pesquisas sobre quatro dietas famosas por promover perda de peso e benefícios cardiovasculares: Atkins, South Beach, Vigilantes do Peso e Zone. Eles compararam esses regimes com os resultados obtidos por pessoas que seguiram “programas tradicionais”, como dietas com pouca gordura e regimes prescritos por nutricionistas.

“Apesar da popularidade e da contribuição à indústria multimilionária da perda de peso, há pouca evidência de que essas dietas (da moda) ajudam a emagrecer e a reduzir os fatores de risco às doenças do coração”, afirma Mark Eisenberg, principal autor do estudo.

Comparação

O estudo revelou que, durante um ano de regime, adeptos dos Vigilantes do Peso perderam de 3,3 a 6 quilos, enquanto os seguidores de “programas tradicionais” emagreceram de 800 gramas a 5,4 quilos. Já na comparação entre a South Beach e os “programas tradicionais”, não houve diferença no emagrecimento dos participantes em um ano — com a ressalva de que todos os voluntários tinham passado por uma cirurgia de redução do estômago.

Ao comparar a perda de peso de voluntários que seguiram as dietas Atkins, Vigilantes do Peso, Zone e “programas tradicionais”, não houve alteração significativa ao longo de um ano. Os adeptos da Atkins perderam de 2 a 4,6 quilos; os do Vigilantes do Peso, em média 3 quilos; os da Zone, de 1,6 a 3,1 quilos; e os dos “programas  tradicionais”, em média 2,1 quilos. Tampouco houve diferenças relevantes nas melhoras de índices como colesterol, pressão arterial e glicose dos participantes.

Os estudos mais longos duraram dois anos e acompanharam pessoas que seguiram as dietas Atkins e Vigilantes do Peso. Nos dois casos, os indivíduos recuperaram parte do peso perdido ao longo do tempo.

“Essa pesquisa mostra aos médicos que as dietas famosas podem não ser a solução para ajudar seus pacientes a perder peso”, diz Eisenberg. “Uma intervenção mais ampla no estilo de vida do paciente, que envolve acompanhamento de médicos e de outros profissionais de saúde, talvez seja mais eficiente (para emagrecer).”

Alimentos que as pessoas acham que emagrecem. Só que não! 

Goji berry

Fruto da planta "Lycium barbarum", o goji berry é utilizado na medicina tradicional chinesa no tratamento de doenças de fígado e rim. No Brasil, alçou fama como uma via de emagrecimento rápido. Trata-se, na realidade, de uma fruta calórica: duas colheres de sopa têm 100 calorias. "O goji berry ainda não foi estudado profundamente. Pequenos estudos demonstraram que ele pode ser benéfico no controle do colesterol, mas nada foi provado sobre o emagrecimento", diz Bruno Halpern, endocrinologista e coordenador do Centro de Controle de Peso do Hospital 9 de Julho, em São Paulo.

Café verde

O grão de café verde, caracterizado como aquele que não passou pelo processo de torrefação, ganhou fama de aliado do emagrecimento por ter uma dose um pouco maior de cafeína do que o café preto. A cafeína acelera o metabolismo, eleva a temperatura corporal e aumenta os batimentos cardíacos — é o que se chama de ação termogênica. "Não há comprovação científica de que os produtos termogênicos emagreçam", diz Claudia Cozer, endocrinologista e coordenadora do Núcleo de Obesidade e Transtornos Alimentares do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Além disso, o alto consumo de cafeína prejudica a saúde. "Ele pode agravar a gastrite, a insônia e os quadros de hipertensão", diz Ana Dâmaso, nutricionista coordenadora do Grupo de Estudos da Obesidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Óleo de coco

Os adeptos do óleo de coco acreditam que ingeri-lo em forma líquida ou em pílulas diminui a fome, acelera o metabolismo e ajuda a perder barriga. Bobagem. Seu alto índice de gordura saturada pode aumentar a porção ruim do colesterol, o LDL, e ocasionar problemas de saúde, como a arteriosclerose, doença que causa depósito de gordura na artéria. "O óleo de coco tem mais calorias do que a manteiga e o azeite e, como qualquer gordura, se consumido em excesso, causará aumento do peso e problemas de saúde", afirma Handyara Magalhães Reinicke, nutricionista do hospital TotalCor, em São Paulo.

Quitosana

A quitosana é uma fibra natural derivada da quitina, composto que forma o exoesqueleto de crustáceos, como o camarão. Ela é vendida em cápsulas com a promessa de prolongar a saciedade, pelo seu alto teor de fibras (uma cápsula tem cerca de 1 grama de fibra), e de absorver e eliminar gordura. "É bobagem consumir quitosana. Comer gelatina antes de uma refeição promoveria a mesma sensação de saciedade. Além disso, o efeito do produto é sutil e imperceptível para várias pessoas", diz Claudia Cozer.

Itokonnyaku (bifum)

Conhecido da culinária japonesa e chinesa, o bifum é um macarrão extraído da raiz de um tipo de batata chamada konjac. Composto basicamente de água e glucomanan, uma fibra alimentar, ele tem teor calórico perto de zero. Ao entrar em contato com a água no processo de digestão, o bifum dobra de tamanho e causa uma pequena sensação de saciedade. "Uma pessoa que siga uma dieta à base de bifum não emagrecerá. Ela terá muita fome e ficará desnutrida, tornando-se candidata à obesidade no futuro", diz Ana Dâmaso, nutricionista e coordenadora do Grupo de Estudos da Obesidade da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Cúrcuma

Também conhecida como açafrão da terra, essa planta tem propriedades antioxidantes, por causa da presença do corante curcumina, e anti-inflamatórias, que ainda estão em estudo. "Mas essas propriedades não têm nenhuma relação com o emagrecimento", diz Camila Gracia, nutricionista do HCor – Hospital do Coração, em São Paulo. 

Linhaça

A semente do linho, planta da família das lineáceas, é rica em fibras. Por essa característica, a linhaça ajuda no bom funcionamento do intestino. "Estudos demonstram que a linhaça tem ação antioxidante e auxilia no controle do colesterol e da glicose, não que emagrece", explica Verônica Lima, nutricionista do Hospital Norte D'Or, no Rio de Janeiro.

Matéria publicada pelo site Veja

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